-
Qual o sentimento
de completar 15 anos de sacerdócio?
Penso que o
primeiro sentimento que me invade o coração seja o de profunda gratidão a Deus.
A isto soma-se o de gratidão a tantas pessoas; a minha família, sobretudo ao meu
pai, aos bons sacerdotes – entre os quais destaco Dom Roberto Guimarães – e aos
fiéis. Outro sentimento inevitável é o de inadequação. Sou bastante consciente
de não estar à altura do Sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que torna o
dom recebido um verdadeiro mistério, como escreveu o Beato João Paulo
II.
De forma
alguma. Recebi o apoio da família e dos amigos. Meu pai foi quem me perguntou
muito seriamente se aquilo era mesmo o que eu queria, já que com algo desta
natureza não se deve brincar.
A
convivência com os fiéis e com os colegas padres costuma produzir momentos
engraçados. São muitos, mas o que me vem à mente agora aconteceu pouco depois de
ordenado. No momento não me pareceu tão engraçado, mas depois ri bastante.
Quando era pároco em São Sebastião de Campos atendia pastoralmente a algumas
capelas da paróquia de Baixa Grande para ajudar seu idoso pároco, Dom Jerônimo
(monge beneditino). Certa vez, voltando de uma delas me perdi no meio do
canavial e fiquei dando voltas com o veículo. Estava comigo uma senhora que
sempre me acompanhava, Dona Maria Francisca. O combustível acabou e ficamos
perdidos sem saber exatamente o que fazer. Era já mais de 10 horas da noite.
Dona Maria Francisca teve medo de ficar sozinha no carro enquanto eu andava em
busca de uma casa e de um pouco de álcool residencial. Para nossa alegria
caminhamos apenas uma meia hora pois já estávamos perto do Mosteiro e da casa de
um amigo, seu Francisco, que nos socorreu com o álcool suficiente para chegarmos
ao posto de gasolina mais próximo. Naquela altura não tínhamos telefone celular,
mas penso que hoje não teria sido diferente pois quase nunca trago o meu celular
comigo.
A maior
alegria é ver os jovens sendo ordenados sacerdotes, sobretudo quando eu possa
ter contribuído de alguma forma para isto.
As maiores
dificuldades sempre foram colocadas pela minha fraqueza, pelas minhas limitações
humanas. Não encontrei dificuldade da parte dos fiéis. Se não foram melhores
estes 15 anos de ministério sacerdotal, a responsabilidade é toda minha e
somente minha.
Contribuir
para uma verdadeira renovação da vida eclesial. Precisamos renovar a catequese,
a liturgia, a ação pastoral e a vida paroquial. É preciso dar a Nosso Senhor a
primazia, fazer dele o centro de todas as coisas. Precisamos de um novo
espírito, uma nova adesão à fé, que nos torne instrumentos de Deus na obra da
Salvação. Quero fazer minha parte, modesta, mas exigida por Deus.
A maior
dificuldade é o número de comunidades que precisam de atenção pastoral. Como diz
Nosso Senhor, “a messe é grande e os operários são poucos”. Graças à colaboração
de paroquianos engajados na missão pastoral podemos avançar. E esta é a maior
virtude de nossos paroquianos, são envolvidos, ativos, generosos e dedicados.
Penso sobretudo nos jovens que são, a meu ver, o presente e o futuro de nossa
paróquia.
Penso que a
mensagem mais oportuna não seja exatamente minha, mas de Nosso Senhor. Como
lembrei há pouco suas palavras, proponho uma vez mais o convite que ele fez e
continua fazendo: “Vem e segue-me”. Você que lê nosso blogue, poderia se
espantar momentaneamente, mas Jesus também tem uma vocação para você e ela pode
ser o Sacerdócio. Ouça o que o Senhor lhe diz e dê seu generoso e confiante
“sim”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário